sábado, 29 de setembro de 2012

O espirita chamado Allan Kardec


Em todas as homenagens feitas a Allan Kardec, vejo contar sobre o educador Hippolyte Léon Denizard Rivail ou sobre sua chegada ao Espiritismo, sua conversão e ou sobre a Codificação Kardeciana.
Mas qual a postura espírita ou espiritista do organizador da Doutrina Espírita que nos poderia inspirar nos dias de hoje ?
O bom senso iluminado que dissipa as trevas do misticismo...
Até Allan Kardec, toda a manifestação espiritual era atribuída a anjos, demônios ou santos; com Allan Kardec, surge a aurora de um novo dia, o dia ou era do espírito.
O Espírito humano.
Nem santos, nem anjos e nem demônios, mostram-se para pessoas como as almas dos homens que viveram na Terra e agora revelam-se vivos, os ditos mortos vêm despertar os ditos vivos, para uma vida contínua, pulsante e atuante, além da que conhecemos e entendemos, a vida além da biológica ressoa, dizendo-nos:
"Desperta, tu que dormes.... "
Só que essas almas ou Espíritos, que vieram de sua forma peculiar individual, eram e são os homens que viviam na Terra, sendo assim, não poderiam possuir toda ciência e todo o saber...
Então, o que fazer para pesar e medir o seu saber ?
"Não acrediteis em todos os Espíritos, mas provai se eles são de Deus", vaticinou-nos João, o Evangelista.
Foi o que o seu bom senso e inteligência determinaram, ou seja, que a balança seria, além do bom senso, o controle universal dos ensinos espíritas, onde perguntas repetidas a médiuns diferentes que fossem igual ou equivalentemente respondidas seriam fundamentadas como verdade espírita, mas que, se em algum momento, a verdade espírita fosse superada pela verdade cientifica, que fosse seguida a verdade cientifica, atrelando o Espiritismo ao progresso, impedindo-o de tornar-se ultrapassado.
Sua dedicação e esforço para com a Comunicação Social Espírita confirmaram-se, por meios acessíveis à época, através da imprensa, pela Revista Espírita, Jornal de Estudos Psicológicos, por meio da qual ele se aproximava das massas, expandindo e defendendo as verdades espíritas, respondendo aos detratores à altura do que diziam os ataques ao ESPIRITISMO, nunca a ele mesmo, embora fossem muitos e descabidos. Ele teve, porém, a sobriedade de entender a pequenez do sentimento de alguns seres humanos e pairar acima disso, pois era impossível estabelecer alicerces sobre inverdades.
Foi incompreendido - e ainda é pouco compreendido ou totalmente desconhecido pelos profitentes ou adeptos do Espiritismo, e mesmo até atacado por estes - mas continuou adiante...
Não se permitiu descansar, pois sempre entendeu que o Espiritismo era maior que ele e maior do que qualquer conhecimento a que já tomara contato, e quanto mais mergulhava nas nobres e doces verdades mais queria mergulhar, conhecer, sentir e dividir, não poupando seus bens próprios e até levando a sacrificá-los, já que o preconceito e pequenez gerados, ele os legou à falta de atividade remunerada...
E, hoje, vejo espíritas que, quando se fala em dinheiro já rasgam um rosário, e só falta legar-lhe a fogueira, pois falou em algo profano e amaldiçoado, como diz o nordestino : " Tem tanto medo de enfiar a mão no bolso que parece que carrega um escorpião dentro dele."
Não quero estabelecer que o dinheiro movimenta o Espiritismo ou o centro espírita, mas paga a conta da água que bebemos, que usamos no banheiro para limpeza, paga a conta da companhia elétrica, já que a eletricidade proporciona a música ambiente, as lâmpadas do dia a dia.
O espírita não é remunerado, mas o rapaz que faz a manutenção e reforma é...
Não pagamos contas com prece, embora a prece ajude a não faltar para pagar as contas; não é preciso pedir para nossos visitantes, mas é necessário consciência individual de cada participante.
Sua grande preocupação era como passar a mensagem espiritista de forma que fosse inteligível, ou seja, que todos, indistintamente da cultura, a entendessem e assimilassem.
Por isso, a magistral codificação espírita, o primeiro livro, o Livro dos Espíritos, possuía a base dos outros quatro livros que apenas o desdobram, formulando a balança espirita e dando o pontapé inicial ao entendimento que acompanha o progresso .
Com Kardec, temos o Inicio e o Meio da compreensão das ideias e pensamento espíritas, que funcionam como peso e medida: para se atribuir a verdade espírita é necessário medir e pesar, mas o despertar do conhecimento nos renova o entendimento, legando-nos andar de braços dados com a ciência, pois o espírita verdadeiro sabe que nada sabe, por isso ele diariamente inquire a doutrina que abraçou, a sua consciência, suas atitudes e o seu saber.
Segundo o Espírito Emmanuel, no Espiritismo :
Começar é fácil...
Continuar é difícil...
E chegar ao fim é crucificar-se ou sacrificar-se...
E foi assim para o espírita Allan Kardec...
Ao sacrificar o iluminado pensador e educador Hippolyte Léon Denizard Rivail, homem que influenciou a educação de dois países, Alemanha e França, não chegando nem a figurar na sombra da história desses dois países....
Ao sacrificar sua saúde, levando-o ao aneurisma cerebral pelo excesso de dedicação ao estudo e divulgação do Espiritismo, o aneurisma ceifa-lhe a vida física, escancarando os portões da vida real e verdadeira, que o aguardava, vitorioso, pois venceu o mundo, no mundo e para o mundo.
Hippolyte Léon Denizard Rivail retirou-se da história que louva os títulos e personalidades humanas para escrever na história dos corações que se permitiram tocar pelo Espiritismo, mudando nossa forma de entender, de sentir e viver no mundo e para o mundo, uma causa maior chamada amor.
Allan Kardec, este aprendiz que te ama, sem te mitificar, que tenta seguir teus passos sem se robotizar e sem perder a personalidade, te diz:
Sou-te eternamente e verdadeiramente grato!
Muito Obrigado!
E escreveria, se pudesse, no teu Livro dos Espíritos...
Este livro mudou a minha vida também!


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